sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O trabalho duro por trás do glamour de coberturas internacionais

Nesta sexta-feira, os alunos da disciplina de Jornalismo Online da Famecos, receberam a visita do jornalista Daniel Scola, que concedeu uma entrevista coletiva com duração de pouco mais de uma hora. Natural de Caxias do Sul, Scola é repórter do Grupo RBS, e durante o papo com os estudantes, falou de suas grandes coberturas internacionais, sem esquecer das pautas do dia-a-dia, que segundo ele, "fazem o verdadeiro jornalismo".

Normalmente por trás das câmeras, ele confessou uma certa timidez por encarar tantas câmeras e gravadores. "Não estou acostumado com tantas câmeras, só com uma", revelou com bom humor.


"falta jornalismo de CPF, e sobra jornalismo de CNPJ"


Um dos assuntos recorrentes foi a sua experiência de sete dias no Chile, abalado pelo terremoto que comoveu o mundo. Scola relatou as dificuldades, desde a chegada a Santiago, sem ter onde dormir, até a a rotina cansativa durante aquela semana. Salientou, no entanto, que o maior desafio não foi o cansaço, mas, sim, a exigência de ser um repórter multimídia, num país sem luz. "Repórter multimídia tem que pensar em tudo... e pior de tudo é ter muita informação e não ter comunicação".

Quando questionado sobre as carências do jornalismo brasileiro, o repórter não se importou em usar, o que segundo ele já se trata de um clichê: "falta jornalismo de CPF, e sobra jornalismo de CNPJ", usando como exemplo as atuais coberturas eleitorais, que segundo ele viraram um "circo".

Ao mesmo tempo que critica a falta de "jornalismo de chão", se orgulha da série de reportagens que fez nos presídios da região metropolitana de Porto Alegre, onde revelou ter se deparado com um verdadeiro "escritório do crime". Por estas matérias, Scola ouviu muitas críticas, mas da mesma forma que recebe elogios sem se empolgar, lida muito bem com as críticas. Acusado por alguns espectadores de acobertar criminosos, por lutar por melhores condições carcerárias, ele se defende, afirmando que "quer ver os bandidos cumprindo suas penas, mas não nas condições que encontrou nos presídios em que esteve".

Mas, apesar de decepcionado com a prática chamada por Daniel de "jornalismo de recados", Daniel Scola se diz apaixonado pela profissão, encoraja os alunos a seguirem na carreira. Os 60 minutos de entrevista passaram rápido para quem se diz à vontade com o ambiente acadêmico - Scola fez mestrado no exterior e lecionou durante alguns anos na Unisinos, algo que sente falta, e que espera voltar a fazer.

Ouça trechos da entrevista coletiva:





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