O desenfreado surgimento de universidades privadas no país coloca em risco o futuro de dois aspectos inerentes à graduação: o vestibular e a qualidade do Ensino Superior. Pode-se perceber pela queda do modelo tradicional do curso pré-vestibular. As tradicionais aulas-show que antes eram movidas a graças e macetes perderam espaço para aulas mais centradas, exigidas por um novo perfil de alunos que pretende garantir uma vaga realmente concorrida na universidade. As salas de aulas que, nos anos 70 e 80, comportavam 300 alunos diminuíram, e bastante. Para muitos não é valido estudar tanto para entrar numa universidade federal se é possível ingressar em muitas faculdades particulares por preços bem acessíveis. Tem lógica.
A expansão do Ensino Superior começou em 1995, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) distribuiu entre 70% e 80% do orçamento do Ministério da Educação (MEC) que atendia apenas a 22% dos alunos de graduação da rede pública federal. FHC foi o protagonista do período que tinha como objetivo marcar o início de um novo estilo de desenvolvimento. Com os incentivos que a rede privada de ensino recebeu, juntamente com a implantação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 1998, ficou difícil manter o vestibular como o mecanismo de acesso à universidade. A última pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) aponta que hoje são em média 2.260 instituições de ensino superior no Brasil contra as 894 que havia em 1995.
Com isso, fica cada vez mais trabalhoso para os cursinhos captar alunos e mantê-los. Ainda que o MEC tome medidas tardias na tentativa de frear a proliferação de universidade de baixa qualidade, os pré-vestibulares terão que readequar o modelo de mercado. Pois, mesmo que sejam homologadas novas regras, instituídas pelo Conselho Nacional de Educação, para o credenciamento e recredenciamento de universidades o número de cursos abre um leque muito grande de opções. O Rio Grande do Sul, por exemplo, soma hoje 1.570 cursos superiores, ganhou 1.060 no decorrer dos dois mandados do governo FHC (1995 a 2002). Por isso, o vestibular vai continuar existindo apenas para cumprir as obrigações legais do MEC, porque, na verdade, quem presta a seleção geralmente passa. A expectativa então é que até 2015 o Enem seja o método definitivo para ingressar no Ensino Superior.